quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Carona

Aproveitando-me de um texto criado por um grande amigo meu, ao qual estimo muito, resolvi posta-lo aqui ,sem autirização prévia deste. Espero não ser processado. O texto discute exatamente um dilema ao qual estou passando, que seria voltar a minha terra de origem, situada ao Litoral Sul de São Paulo.



O texto tem por nome "Itanhaem, a causa de nosas frustrações?", e foi postado no blog deste amigo no inicio do ano. Alias, pensando nisso fiquei a me indagar se este meu amigo não teria dons profético e paranormais.
Teria ele uma leve inclinação para discipulo de Walter Mercado? prefiro presumir q não. Pelo menos ainda...



Enfim, vamos ao texto.




Em minhas discussões com amigos sobre a escassez de pessoas interessantes sempre surge a já milenar teoria de que o problema é Itanhaém. Execrada por não ter opções de lazer, políticos honestos (novidade), oportunidades de emprego e pessoas bonitas, a pacata, mas gloriosa Pedra que Canta, ainda é acusada de ser a causa de nossas decepções amorosas e, consequentemente, da nossa solidão.Quantas vezes você já não deve ter escutado e, inclusive, dito o seguinte bordão: "O problema é Itanhaém. Vai morar em outra cidade pra ver se não é melhor?". E quantas vezes algum amigo, que hoje em dia mora em outra cidade, já não te disse a seguinte frase: "Nossa cara, lá onde estou é bem melhor". Você vai me dizer que "vários". Mas pense bem: a maior parte desses amigos não está namorando, não aumentou o seu círculo de amigos, e o pior: em questão de meses bate aquela saudade e te deixa aquele scrap dizendo com palavras nostálgicas que não vê a hora de voltar pra terra-mãe.Conclusão: afirmar que o problema é Itanhaém é uma injustiça, pois, além de não ser uma ilha, longe da influência de outras civilizações, ela não foge à regra. Ou melhor, os seus habitantes não fogem à regra.Assim como Santos, São Paulo, Rio de Janeiro ou Curitiba, a nossa cidade sofre da síndrome da incompletude. Se a pessoa é "bonita", é esnobe; se é legal e inteligente é, salvo exceções, "feia"; se a todo momento têm opiniões interessantes sobre variados assuntos, no final sempre se descobre que é apenas retórica; se demonstra ter opiniões e gostos semelhantes aos seus é, na verdade, para agradar; se discorda de tudo o que você fala é para impressionar, ostentar personalidade. Ficamos, literalmente, sem opção, sem um ponto de equilíbrio.Aí, cansado de procurar uma mulher / homem que compartilhe as mesmas idéias e gostos, nos contentamos com o "menos pior", aquele que apresenta o menor número de defeitos. Ou então, aceitamos como verdade absoluta o ditado "os opostos se atraem", sem levar em consideração os inúmeros atritos que são gerados pela incompatibilidade do casal. Enfim, nos agarramos a qualquer coisa que nos permita, mesmo que artificialmente e de forma fugaz, fugir da solidão.Mas convenhamos, será que todos esses problemas citados acima são exclusividade de Itanhaém? Será que em outras províncias as pessoas têm mais chances de encontrar alguém que desperte a sua curiosidade? Será que em Maringá, Peruíbe ou Ilha Bela, outro grupo de amigos não está fazendo as mesmas lamentações, também dizendo com extrema convicção que os problemas que vivenciam é culpa de suas respectivas cidades?Estudo há quase quatro anos em Santos e posso lhes garantir que lá, as coisas não são tão diferentes. Algum tarado de plantão já deve estar dizendo: "Porra, lá só tem gostosa e o cara tá dizendo que é a mema coisa!?" Sim, sim...quanto às mulheres, sem dúvida, o número de beldades é bem maior. Entretanto, todas, ou a grande maioria, muito pretensiosas. Diga-se de passagem, um mal inerente à toda a população santista. Se olharmos com um pouco mais de cuidado, os problemas e queixas são as mesmas.Talvez, esse senso comum enraizado em nossas mentes - de que Itanhaém é a geradora das nossas frustrações - seja uma forma de nos consolar e acreditar que em outro lugar teremos mais sorte. Que para encontrar pessoas interessantes basta pegar a estrada e abandonar Itanhaém. Que o caminho da felicidade é viver em outra cidade.Mas se olharmos a quantidade de corações solitários que existem em diversos pontos do Mundo, iremos perceber que o problema não é local; atinge a todos, seja em São Paulo, Buenos Aires ou París. O sentimento de constante insatisfação não atinge apenas os moradores de Itanhaém. Infelizmente, ou felizmente, é universal.






Por Leandro Olimpio





















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