terça-feira, 27 de abril de 2010

Lembrando do céu.



Entrei nas pontas dos pés pra não fazer barulho. Sabia que toda aquela rotina seria incomum.
As portas abertas davam entrada pra luz, que batia no espelho e cegava a tela da Tv. Eu devia ter imaginado do quanto gostava de ficar sem ver a Tv, e desligar o som foi prazeroso. 
Prazer: Era exatamente o que estava buscando, com as mãos tocando agora seu pescoço, enquanto seus olhos se concentravam na rua. 
Minha mão passeava e voltava pela tua cintura, enquanto a outra ia desenhando todas as suas curvas nos meus olhos fechados. Beliscava de leve tua orelha com minhas mordidas, seu pescoço aveludado recebia com arrepios o toque quente da minha língua molhada.
Quando começaram as gotas de chuva, mal percebi o bafo quente que embaçava o vidro. Meu corpo e o seu escorregando pela porta, às vistas dos vizinhos, que desenganados pelo vapor chuvoso não percebiam a dança mal ensaiada na sala.
O tic-tac do relógio manifestava a pressa, a hora que se aproximava e trazia a despedida necessária. Enquanto me concentrava agora nas tuas pernas, teu corpo escorregava no meu, marcando minha pele com a força das suas mãos.
Calados e presos nos nossos suspiros, toda a cena desenhada naquela tarde ia marcando o compasso dos nossos desejos mais íntimos, regados pelo barulho da chuva no telhado, embarcados no expresso prazeroso de outr'ora(...)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

E renasce aqui, de vc.


Fazer renascer as palavras, as velhas vontades, dar novos sentidos às musicas que pareciam já ter gastado todos os próprios sentidos.
Lançar pro teu ouvido cada viagem, cada palavra desenhada na minha cabeça, construir com elas nosso mundo, nossas loucuras, nossas escadas.
Abafar num ritmo lúcido, mas imprevisivel os movimentos generosos do encaixe perfeito. Encaixe perfeito nascido a partir de cada beijo lançado.
Ter a certeza de que os rótulos desenecessarios não trazem seus pesos na proporção contínua do que cresce sem as preocupações corriqueiras e expressas no apertar das mãos.
Posso cantar contigo meu beijo mudo, e te fazer ouvir todas as coisas que quero te fazer prestar atenção. Ler no teu sorriso de olhos apertados tudo o que eu já tinha deixado de lado, sem precisar me preocupar com nada. Contigo é exatamente nisso em que as minhas preocupações se resumem: Em nada. 
Corto contigo a areia da praia onde nasce nossos nomes, onde a lua abençoa com teus olhos a vibração mais do que intensa nascida de nós dois.
E tudo em volta parece estar familiarizado com as despreocupações que esta soma traz ao que já parece ser um pedaço natural da paisagem no inicio da noite caiçara, às margens do som trazido pela maré.


Pois é, to tentando.