quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Autocontrole.



Fechei os olhos e respirei fundo. Estava em uma situação delicada, ainda inédita. Fixava meus olhos na boca que dizia as palavras sem docilidade.
Ouvi e agradeci os comentários. Disse que o banco estaria disposto pra sanar as dúvidas, os problemas, e, enfim, tê-la satisfeita como cliente. Sem olhar para trás ouvi ainda uns grunhidos e as canetas da minha mesa sendo derrubadas. Sorri, agradeci, e a acompanhei até a porta giratória.
Após uma hora do fim do expediente ao publico, recebo um telefonema. Pedidos de desculpas pelo descontrole antecipando elogios pela educação e um convite para um sorvete na orla. Tudo aceito.
Dia difícil, mas vitorioso.
Lição própria aprendida na prática.


Estive com dificuldades de autocontrole durante quase um ano inteiro. Mudanças ásperas, cidade nova, distancia dos amigos, e a vida quase sempre difícil chamando pra si.


Compromissos, um namoro conturbado e provavelmente com um tom de intensidade que nunca mais irá acontecer. Extremos. Dificuldades.


Aprender com os erros foram passos que não consegui adiantar muito. Me peguei falando e agindo de uma forma que desconhecia até então. A dispersão dos olhos buscando um autismo já não fazia o mesmo efeito. Um turbilhão de acontecimentos familiares, pessoais e amorosos. Explodi.
Algumas pessoas conseguem manter seu controle nos olhos ou em sonhos. O stress da vida nova que traz um caminho sempre assustadoramente promissor me afligiu.
Perdido, andei em formas e formatos longe de fazer quem me amava feliz e presente. Assumi a culpa.


Passei um ano novo vestindo coisas velhas. Uma hora de estrada com 4 estalos de sono. Descuido. Medo.
Em casa, deparei com uma surpresa. Dia amanhecido. Caminho novo pela frente.


Parei com o namoro. Com uma data de vencimento estipulada, abracei o mundo e mais ninguém. Recebi a chuva de um domingo com os braços abertos, e um sorriso estampado. Idéias em ordem e um recomeço diferente. Conselhos aceitos, e uma terapia que transformou em poucos dias.


As mudanças que vieram trouxeram as pessoas novas, que encontraram uma porta aberta e entraram sorrindo, da mesma forma que partiram. As novidades me assustam.
Ver minha ex namorada com uma nova pessoa é doloroso. 
Amor que eu nunca tive igual, que eu nunca mais terei.
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Sigo adiante, tenho o mar me esperando, como sempre.


Toco a prancha e entro no mar remando com as pernas fechadas, queixo erguido e olhar fixo com as remadas sincronizando um avanço. Venço a dificuldade na arrebentação. Espero que o mar limpo possa trazer uma onda na medida. Demora. Perco o equilíbrio, escorrego, caio. E depois de varias tentativas acerto uma manobra linda e saio sorrindo de volta.


As coisas são assim, e esse autocontrole faz parte de uma sucessão de novidades que encontro na minha varanda todo fim de tarde. Meu cachorro se intera, abana o rabo, lambe meu sorriso. E alerto que a mamãe sempre será a mesma. As coisas são assim, a vida muda, mas a família nunca.


Pronto pra um recomeço que faz dos dias corridos mais esperançosos. Sempre difíceis, mas vitoriosos.


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Soletro em goles o teu nome.


São formas que nos desformatam. Do verbo formatar. Da limpeza geral pra renovação. O quase novo.
Eu sei, são muitos intervalos, divagações. Devagar. Sou assim, escrevo quase assim. Errando letras e sílabas entre as teclas que fogem desses dedos bêbados. Eles que já se embebedaram de outras coisas, passearam e se molharam em diversas fontes. Sabores. Formas.
Desinformam. De informar. Das nossas discussões as informações não podem ser trocadas. Dialogo? Não a intenção é outra. No âmbito da troca de palavras a vontade que prevalece é a do masoquismo. Querer se machucar, lançar-se em palavras que voam como canivetes na direção da pele. 
_Isso, me diz essa verdade e me diz que eu pedi.
_É isso que você quer ouvir e o que quer ter. Só te entreguei.
Assim.
E o dialogo surge como nascente vindo matar a sede da saudade. É tão necessário quanto beber agua na manhã após a ressaca. 
Soletro em goles o teu nome. E me curo.

Nos formatamos em diversas limpezas, renovações. Quase novos com novidades antigas. Porque nem mesmo a mais difícil das discussões vai apagar meu beijo dos teus olhos. Nem a mais severa das acusações vai tirar teus cabelos do meu peito em dias que já se foram, mas nunca passaram.
Somos assim. E é confuso pra quem não entende, eu sei. 
Nos entendemos mesmos nos desentendimento. Porque seria fácil me desligar dos nossos problemas se a minha solução não morasse nos teus olhos.
Somos a forma que nós mesmos desenhamos. Nossa. Numa sintonia única.
Quase novos nas quase velhas saudades.