sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Lê dentro de mim no escuro.


Às quatro da manhã ele gritou e vibrou, cantou só pra mim. Era meu rito de despertar. Mal pude levantar a cabeça, e despencar o braço desligando ele por um tempo. Meus olhos eram mais pesados que qualquer despertador, fechei eles sem perceber de novo, e a hora passou rápida e com raiva.
Tenho brigado comigo mesmo nessa nova rotina de dormir minhas três horinhas diárias. Confesso que venho falhando no embate. Nem meu prazer de estar empregado novamente, fazendo algo que soa como brincadeira de criança faz com que meu corpo me obedeça sempre. Mas é só o começo.
Isso pode ser bom ou não.

Tenho percebido que uma coisa empurra a outra. Um copo de cerveja no boteco, onde vc olha pro copo e enxerga sua memória através dele pode ser bem vindo. Usar estas lembranças é q vai fazer alguma diferença.
Não se pode dizer: Ah, eu não lembrava.
Se sua carência te leva por um caminho e vc aceita, então vc é consciente de suas escolhas. Mas essas coisas são complicadas, tem muito mundo no mundo.

Hoje eu só queria sentar em meio aquela calmaria, sentir a água salgada lavando minha alma, olhar pro céu e não fazer pedido nenhum. Só agradecer.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Uma árvore de uma unica flor.


Uma árvore que só é capaz de produzir e manter uma única flor.

Muitas pessoas tentam rega-la, e ela cresce, se torna forte, mas sabe q sua saúde veio das chuvas que a vida lhe trouxe.

Algumas pessoas vieram e regaram suas raízes por pouco tempo, insuficiente pra deixar nostalgia.


Alimentou suas esperanças nas asas passantes daquela borboleta que sobrevoava sempre as flores vizinhas. Vez ou outra balançava com o vento tentando alcançar a borboleta com as pontas dos galhos, mas sempre foi insuficiente. Derrubava folhas secas de tristeza, pois sabia que o colorido da primavera nunca o alcançaria sem q a tal borboleta lhe tocasse. Nunca havia produzido uma flor sequer.

Procurou de diversas formas chamar a atenção, mas foi inútil. Sentia-se com as cascas lhe cobrindo o coração, e não havia nada mais que pudesse despertar tua alegria.


Certa manhã acordou com uma surpresa: a pequena estava parada sobre um de seus galhos mais finos e mais distantes. A arvore acordou e fez de todo o possível para sentir as pontinhas das pernas da tal, e o ventinho que havia de sair do balançar daquelas asas azuis. Ficou imóvel, e implorou em pensamento para que o vento não viesse soprar àquela hora.

Depois de contemplar a tal borboleta por alguns instantes, para a tristeza de seu coração, a pequena saiu em vôo pelos arbustos vizinhos. A arvore ainda esperou durante todo o resto da manhã, na plenitude do sol vespertino, e na leve brisa do entardecer.

Ela não voltou. Não voltou nunca mais.

Mas as lembranças dos toques leves daquelas perninhas ainda iriam ficar pela tua lembrança durante toda a sua vida. E não haveria sopro de vento mais doce do q aquelas brisas mínimas q saíam daquelas asas.

Mas algo aconteceu. Os frutos que nunca haviam saído do seu coração, começaram a aparecer um a um, desenhados com a cor mais vermelha que se pode imaginar, tal qual coraçõezinhos desenhados na infância com giz de cera.

O milagre chegou após anos de espera por aqueles minutos preciosos.


Aprendeu que o que fez a diferença, não é a longa espera triste pelo utópico amor que esperava ter, mas os poucos segundos que recebeu nos beijos delicados e verdadeiros daquela borboleta.


A paciência será sempre amarga, mas seus frutos serão sempre doces.