quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Que o acaso é amigo.



A aula hoje acabou mais cedo. Só era preciso fazer uma rápida atividade e entregar, e Carlos se esforçou para fazer isso o mais rápido possível.

Sabia que seu primeiro ônibus sairia ao meio dia, e o próximo somente às 13 hs. Concentrou-se tanto, q esqueceu de olhar as horas no relógio, e quando entregou o trabalho era exatamente 12:05. Perdera o ônibus por cinco minutos, e não havia outra escolha senão esperar o próximo. Na verdade estava até acostumado a esperar no ponto, suas aulas que geralmente terminavam meio dia e meio, lhe davam um tempo de espera de vinte e cinco minutos, já que o ponto de ônibus ficava à cinco minutos dali. Tudo muito sistemático e sem graça.


Desceu as escadas devagar, e saiu na rua. Viu como sempre a construção do alto prédio q já se acostumara a ver na frente da faculdade, ficou olhando os blocos ainda crus e amontoados, sem saber como poderiam ter tido tantas forças para erguer tijolo por tijolo...

Ora - pensou ele -, todas as coisas são construídas devagar, a vantagem do prédio é ter muitas mãos à disposição... Enquanto a minha vida é construída apenas por minhas duas mãos...

Indiretamente este pensamento de Carlos o fez lembrar de o quanto estava se sentindo só ultimamente. Tinha bons amigos na faculdade, tinha amigos divertidos no bairro de casa, mas nenhum poderia suprir a falta que sentia de uma companhia feminina. Vez ou outra passava por mulheres interessantes na faculdade, e ensaiava um olhar discreto, mas no qual pudessem percebê-lo. Nunca obteve sucesso com isso. Seus amigos já eram mais escrachados nos comentários, mas sabia q seu ponto de vista era de longe muito diferente.


Havia chegado no ponto de ônibus ao meio-dia e dez, e sabia q aqueles cinqüenta minutos iriam parecer demorar muito mais tempo que isto.

Olhou mais uma vez por puro costume em direção ao sentido em q o ônibus viria, mas sabendo que faltava ainda muito. Sem querer acabou reparando numa garota que também estava no ponto de ônibus, de cabelos curtos e loiros, pele clara, jeans desbotado e camisa listrada, estava sentada em uma corrente de plástico que servia como proteção a uma escola, e se balançava como criança, olhando pro chão sem o mínimo receio de a corrente se quebrar, e levar um vexatório tombo.

Aquilo lhe pareceu tão infantil e interessante q passou a discretamente olhar a menina. Nascia ali mais uma paixão platônica de Carlos, como já acontecera em outras ocasiões, com garotas que ele nunca havia visto.

Sabia q era impossível chegar e falar qualquer coisa com a garota, mas ainda assim, ficava fantasiando o nome dela.

_Acho q Maria não combina muito... Talvez Ana, ou Elisa...

Usou novamente o habito de olhar a rua, e notou q vinha um ônibus municipal. A garota viu e apressadamente levantou-se e lançou as mãos em sinal q o motorista parasse. Carlos ficou olhando a garota subir para o ônibus e parar em frente ao motorista por um tempo até q o ônibus saísse, e seguisse destino por dez metros, até Carlos ver a garota descer do ônibus.

Vinha andando de volta ao ponto de ônibus com olhar cabisbaixo, e aquilo fez com que ele sentisse compaixão, preocupado talvez de a garota estar sem o dinheiro da passagem. Ele tinha alguns trocados ainda no bolso, isso fez com que tomasse uma atitude que normalmente não tinha coragem de tomar.


_Oi, desculpa perguntar, mas... ta tudo bem?

Ela levantou a cabeça, procurando novamente pelo transito.

_Ah... é q eu moro aqui há pouco tempo, e ainda tomo ônibus errado... - comentou a garota com voz disfarçando segurança.

_Não se preocupa, você se acostuma rápido. - sorriu ele.

_Pois é... Tomara!

Meio dia e vinte e oito; um minuto no silencio dos dois, e ele já havia olhado pra ela pelo menos cinco vezes.

_Você vai pra onde?

Carlos se assustou, ela estava puxando assunto.

_Ah eu moro meio longe, to esperando meu fretado.

_Onde?

_Em Itanhaem.

_Conheço Itanhaem!

Os avós dela moravam no Cibratel, e ela gostava de ir alguns finais de semana subir o morro e ver o por do sol. Carlos tentou lembrar se já não havia visto ela por lá, já que sempre fazia a mesma coisa.

_Prazer, Carlos.

_Oi Carlos, prazer, Bia.


O papo se desenrolou rápido, e ambos viram que tinham muito em comum, estudavam Comunicação Social, ele Publicidade numa particular, ela Jornalismo na Unifesp, gostavam de Mombojó, e até mesmo se identificavam com Joel Barish.

Tudo muito perfeito. Platonicamente.

Carlos se preocupava agora com a rapidez do tempo. Faltavam dez minutos pro seu ônibus, e o tempo passou a voar. Ela não parava de desenrolar assuntos do interesse dele.

Perguntou se ela sempre pegava o ônibus por ali, ela respondeu que sim, mas que excepcionalmente hoje estava naquele horário, pois sempre passava um período maior na faculdade.

Ela já nem olhava pra rua procurando o seu ônibus, parecia querer ficar ali até que Carlos partisse, pois já havia perguntado se o ônibus dele já estava por vir...

Carlos percebeu que nem havia se importado em reparar nas curvas da menina - na verdade não conseguia tirar os olhos dos olhos dela.

Perguntou a ela quando ela iria novamente pra Itanhaem, ela disse q iria apressar uma ida. Ele sorriu.


Parecia improvável demais que aquilo estivesse acontecendo. Mas estava. Estava com uma garota no qual sabia qual musica ouvir junto, ter assunto acadêmico em comum, e ainda, saber onde poderia encontrá-la. Finalmente ele estava se sentindo à vontade com uma garota, mais que à vontade e não sabia explicar. Trocaram telefones.


O Ônibus prateado dele já despontava na avenida, ele viu, e ela prontamente percebeu a ida...

Carlos se aproximou e beijou-lhe o rosto sem tirar os olhos um só segundo dos olhos dela, disse q seria bom falar com ela novamente. Ela concordou.

Ouviu a buzina apressada do motorista, e o tempo pareceu voltar ao lugar...

O tempo parecia ter parado naqueles olhos esverdeados...

Ele sentou e ficou olhando ela até onde a partida permitiu. Ela retribuiu.


Existe sempre uma diferença entre destino e oportunidade, ele sabia disso, mas sabia também q certas coisas não são necessárias explicar.

É preciso deixar o tempo fazer as honras.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Desequilibrio Inverso.



Pra me tornar inverso ao que as pessoas desejam, eu faço aquilo que eu sei melhor. Pq na verdade, eu não sou nada do que ninguém deseja. E as pessoas acham de ver com um olhar triste. Não acho que seja assim. Não. Talvez verdadeiro demais pra ser julgado como triste.

O tom escuro eu escolho pq combina com qualquer coisa, com qualquer cor. É impossivel combinar verde com vermelho sangue, já o escuro não, ele tem tendencia própria, engole e edita tudo o q está a volta, é a cor da noite, é a morada da lua. É a cor do céu onde dá pra ver as estrelas sorrirem.

E tudo está inverso como no nascer daquele Janeiro, me sinto incapaz de sentir nostalgia pela maior parte das coisas que aconteceram a partir daquele Janeiro. Foi a linha de largada pra andar por paisagens que se misturaram demais, ficaram confusas demais até pra mim mesmo. Ambiente carregados e sóbrios demais pra espaços tão pequenos. Mas ainda não é hora pra restrospectivas.
Enfim. To confuso com isso tudo ainda. Talvez a comunicação ainda precise ser o meu forte.
Preciso dos 500 dias com ela num fim de semana, e tantas outras historias que eu desejo ver acompanhado dos olhos dela.
Não quero que nada seja pouco.