Ainda não era hora de dormir. Ela disse isso assim, com todo o sono do mundo. Me pediu uma história. Me pediu as minhas histórias. Histórias contadas para outros olhos. Mas em nenhum ouvido entregues.
Digitei o mesmo endereço eletrônico de alguns anos pra cá. Me vi escrito e descrito por mim mesmo em tantas palavras e frases.
Lancei a leitura nas linhas da página virtual. Realcei os tons pra que em nenhum sonho daquela noite eu pudesse me ausentar.
Parava e sustentava a preocupação: ‘Bateu o sono?’ ‘Não. Continua pra mim.’
Reli para mim mesmo no isolamento da minha sala, as sílabas que em dias de tormentos me levavam ao teclado.
Devaneios ocorridos pela estrada, horas deitado no sofá em dias tristes e felizes. Contrastes confusos que regaram pequenas histórias.
Lembranças minhas agora presentes na imaginação dela.
Um personagem particular que descobriu um reino de portas abertas.
10 minutos falando e as respostas monossílabicas foram se ausentando. O sono, objetivo procurado, foi alcançado entre os jardins das histórias simples, sem rebuscamentos. Com flores de todas as cores, com frases de todos os gestos. Uma ponte invisível, um sinônimo que nos ligava além da linha telefônica.
Parei em teste. Travei meu suspiro para ouvir.
Silêncio.
O som da Tv ao fundo e a sua boca respirando em sonhos.
Fechei a página, desliguei o monitor com o celular nas mãos. Fui para o quarto com a certeza de algo anormal, especial.
A ligação ainda não desligada no celular deitado ao meu lado, travou meu olhar como que buscando o ar angelical dos olhos fechados em transe.
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