quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Doce Dança



Vem vestida com véu cor de vinho, na borda de sua longa saia posso notar as flores. Cada uma costurada displicentemente á seu gosto - imagino que não tenha se dado ao trabalho de tirar o vestido para faze-las, fez sutilmente e mal sentiu quando pingou uma gota de orvalho avermelhado, num deslize da agulha em seu dedo.

Costumou a si mesma ter aquele ar febril de escalar o topo do próprio coração, e deixar por la todos os avisos de precaução que poderia levar a ser intocada.E isso é seu excesso de auto-proteção. Ou mesmo proteção alheia.


Mas vem dançando num baile mudo.


Me faz aceitar a condição de ser o que eu não escolhi naquele momento, e se pudesse escolher, seria a linha colorida que borda uma flor na outra no rodar despreocupado de seus pés.

Não me importo de ficar aqui, e olho com o cuidado desnecessario daqueles que gostariam mesmo é de serem tomados pelo descuido.

Vem pra me julgar, apertar entre as mãos o botão de flor, fazer derreter em suas mãos para que vire um mel descabido, invertido e indiferente ao cheiro do toque de sua força.

Dispenso qualquer preventivo que me venha distorcer a ilusão que é tomada, escrita e escolhida por eu mesmo.

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