terça-feira, 27 de abril de 2010

Lembrando do céu.



Entrei nas pontas dos pés pra não fazer barulho. Sabia que toda aquela rotina seria incomum.
As portas abertas davam entrada pra luz, que batia no espelho e cegava a tela da Tv. Eu devia ter imaginado do quanto gostava de ficar sem ver a Tv, e desligar o som foi prazeroso. 
Prazer: Era exatamente o que estava buscando, com as mãos tocando agora seu pescoço, enquanto seus olhos se concentravam na rua. 
Minha mão passeava e voltava pela tua cintura, enquanto a outra ia desenhando todas as suas curvas nos meus olhos fechados. Beliscava de leve tua orelha com minhas mordidas, seu pescoço aveludado recebia com arrepios o toque quente da minha língua molhada.
Quando começaram as gotas de chuva, mal percebi o bafo quente que embaçava o vidro. Meu corpo e o seu escorregando pela porta, às vistas dos vizinhos, que desenganados pelo vapor chuvoso não percebiam a dança mal ensaiada na sala.
O tic-tac do relógio manifestava a pressa, a hora que se aproximava e trazia a despedida necessária. Enquanto me concentrava agora nas tuas pernas, teu corpo escorregava no meu, marcando minha pele com a força das suas mãos.
Calados e presos nos nossos suspiros, toda a cena desenhada naquela tarde ia marcando o compasso dos nossos desejos mais íntimos, regados pelo barulho da chuva no telhado, embarcados no expresso prazeroso de outr'ora(...)

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